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Maria Montessori

"Durante toda a minha vida tenho proclamado a necessidade da liberdade de escolha, da independência de pensamento e da dignidade humana. Todavia, entendo que a verdadeira liberdade é aquela interior, que não pode ser ensinada. Não pode nem mesmo ser conquistada. Pode somente ser construída dentro de si, como parte da personalidade e, se isto acontece, não poderá mais ser perdida".
(Maria Montessori, New York - 1951)

Uma biografia de Maria Montessori passa inevitavelmente por sua visão do conceito de liberdade, pois foi esta ideia que a levou, por toda a vida, a buscar uma educação adequada à criança, que propiciasse ambientes e meios adequados para a libertação dos potenciais da humanos latentes no corpo e na mente infantis.

A liberdade, para Montessori, pode ser superficialmente resumida como a possibilidade de se ter o tempo, o espaço e os meios necessários para o desenvolvimento de qualquer atividade edificante.

Desde o começo de sua carreira, na escolha da faculdade a seguir, Montessori foi a favor da liberdade e escolheu, para uma mulher dos finais do século XIX, a desafiadora carreira da Medicina. Formando-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Roma, Maria Montessori se torna a primeira mulher a se graduar médica na Itália.

Não lhe bastava. Após se formar, trabalhou na Clínica Psiquiatrica da Universidade de Roma e  observando as crianças portadoras de necessidades especiais, passou a estudá-las e a encontrar maneiras de normalizá-las, dentro do possível. Sob a influência das obras de Itard e Seguin, Maria Montessori construiu um método educacional para aquelas crianças que antes eram tratadas como excluídos sociais e que, na melhor das hipóteses, poderiam receber um tratamento, mas nunca uma educação. Sob sua tutela - melhor dizendo, no meio por ela construído - as crianças com dificuldades evoluíam tão bem quanto as crianças comuns.

Neste meio tempo, Maria havia tido um filho com o Dr. Montesano, que não se casa com ela. O filho de Maria Montessori, Mário, vai viver no campo com primos e a doutora continua seu trabalho com os filhos dos outros, do mundo todo.

Durante algum tempo Maria Montessori, como aluna, frequenta a Universidade de Roma para estudar pedagogia e suas disciplinas auxiliares, de forma a entender melhor o desenvolvimento do aprendizado em crianças sem necessidades especiais. Desde o começo, rejeita o sistema padrão de ensino da época, que era inspirado no militarismo. Os alunos sentados e o professor à frente da turma.

Com o surgimento de uma obra de engenharia num bairro pobre de Roma, San Lourenzo, Montessori começa a aplicar seus materiais e seus ambientes à educação de crianças carentes, na primeira Casa dei Bambini, inaugurada em 1907.

Por meio da observação do comportamento e do desenvolvimento destas crianças, Maria Montessori desenvolve e amadurece o Método da Pedagogia Científica - hoje chamado Método Montessori. A Casa das Crianças era um ambiente adequado aos pequenos no qual eles desenvolviam atividades de vida prática, como lavar pratos, varrer ou arrumar a sala e também trabalhavam com materiais especialmente desenvolvidos para o seu desabrochar. Os materiais podem ser vistos em qualquer escola Montessori ao redor do mundo.

Em 1912 Montessori publica "O Método da Pedagogia Científica aplicado à educação infantil na Casa das Crianças" que se torna, em inglês, The Montessori Method e é best seller nos Estados Unidos.

Antes e depois do lançamento do livro - depois com mais intensidade que antes - Maria Montessori dá dezenas de cursos de formação de professores e palestras por todo o mundo.
Citando a principal fonte para este texto,

Montessori insistia em ter controle total sobre o treinamento de professores e sobre os materiais montessorianos, e isso afastou muitos dos que a apoiavam. Ela sofreu forte oposição de acadêmicos, especialmente nos Estados Unidos. Seu adversário mais influente foi William Hurd Kilpatrick, seguidor de John Dewey e professor do prestigiado Teachers College da Columbia University. Montessori certamente sofreu rejeição por ser mulher em uma época em que administradores de escolas e professores de pedagogia eram predominantemente homens; ela era católica, o que deixava muitos americanos desconfiados; sua formação acadêmica era em medicina, e não pedagogia; e ela era italiana.

Ainda assim, Montessori continua a divulgar seu método (mais por pedidos que por iniciativa própria) e se muda para Amsterdã com o filho, em 1936, depois que Mussolini impõe que todas as escolas do país devem ficar sob controle estatal.

Montessori morre de hemorragia cerebral em 1952, em Noordwijk aan Zee, Holanda. Até lá, no entanto, já havia escrito muitos livros e ministrado cursos em vários lugares do mundo.
Hoje a obra de Maria Montessori é conhecida no mundo todo e no Brasil ela é comparada a Paulo Freire. Uma escola Montessoriana ganhou o prêmio UNESCO para Educação para a Paz e por três vezes o nome de Montessori foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz.

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- Fontes principais:
http://www.ordemlivre.org/node/476
http://www.montessori.edu/maria.html